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E como era antigamente?

E como era antigamente?

Sempre digo para as minhas pacientes que não sou radical nem para o parto normal nem para a cesárea. Inicialmente, respeito a vontade do casal e com o decorrer da gestação e principalmente no final algumas indicações de cesárea podem aparecer, como por exemplo, um bebê que permanece sentado ou em posição transversa.

Entretanto, uma pergunta é quase sempre feita pelas gestantes que querem muito o parto normal e por algum motivo acaba virando cesárea – “mas Dra. e como seria antigamente? Não iria nascer?”

As vezes parecendo que estamos “forçando” um parto por via alta. Uma reportagem na última revista do hospital São Luiz me fez escrever e refletir mais sobre o assunto. Alguns pontos que foram salientados são de extrema importância: (LEIA TAMBEM ARTIGO DE 2010 SOBRE PARTO DOMICILIAR)

Antigamente, quando não havia a cesariana os registros de madame Durocher, que era uma das parteiras mais hábeis do século 19, registram que 10 em cada 100 bebês e 1 a cada 100 mulheres morriam no parto!! Em 2007 a mortalidade infantil na Cidade de São Paulo foi de 12 para cada 1000 nascidos vivos (contra 234 para cada mil nascidos vivos em 1901).

Já a mortalidade materna passou de 99,3 a cada 100 mil nascidos vivos (dados de 1960) para 35 em 2005.

A partir de 1950, ou seja, não tanto tempo atrás, a cesárea começou a ser uma opção para partos difíceis, pois nesta época surgiram os antibióticos que davam mais segurança no pós-operatório.

Ou seja, se todos os bebês pudessem nascer por via vaginal a cesárea não teria nem aparecido…

Na realidade, não é que não nascia, porem o risco de acontecer algo com o bebê ou com a mãe era imensamente maior que hoje em dia. O parto normal é ótimo, aliás, adoro fazê-lo, mas sem colocar em risco a vida de um dos dois. Antigamente as mulheres tinham 7, 10 filhos e não é incomum escutarmos até hoje mulheres do interior nordestino falarem que tiveram 10 mas 3 morreram no parto.

Segundo dados do Ministério da Saúde disponíveis até o ano de 2005: (http://tabnet.datasus.gov.br )

 

Número de óbitos na idade de 0 a 6 dias por 1.000 nascidos vivos
Brasil, 1997-2005
       UF   1997   1998   1999   2000 2001   2002 2003  2004  2005
São Paulo 11,54 10,37 9,50 8,85 8,24 7,84 7,45 7,11 6,56
Maranhão 25,92 23,54 21,53 19,69 18,60 17,90 16,91 16,70 15,57

Em São Paulo, a mortalidade caiu pela metade em 9 anos. Sem dúvida isto não se deve somente à assistência ao parto mas também à grande evolução na especialidade da neonatologia, berçários e UTI neonatal.

Hoje a mulher tem 1, 2, no máximo 3 filhos. Porque colocar em risco uma gestação que, muitas vezes, só aconteceu após anos de tentativa? Não que a cesárea não tenha riscos, claro que também tem, porem acho que nós, Obstetras Brasileiros, temos muita experiência neste procedimento e podemos, muitas vezes salvar a mãe ou o bebê de uma complicação maior.

Não é porque foi cesárea que o parto não pode ser considerado humanizado. Podemos dar banho no bebê na sala com a participação do pai, a mãe pode amamentar logo após o nascimento o que acho muito importante para os dois.

Em relação ao pós operatório também é muito variável, tenho várias pacientes que tiveram a experiência com os dois tipos de parto, algumas sentiram mais desconforto no normal devido à episiotomia, outras na cesárea…

 Enfim, hoje em dia, definitivamente não há sentido em colocar o bebê ou a mãe em risco se acharmos que a cesárea é mais indicada em determinados casos.

É uma questão de conhecimento, evolução, atualização médica e bom senso!!

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